Sugestão de leitura 2 - Dezembro/2010

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010 às 5:03 AM



Um amigo me perguntou esses dias: "Você se formou em letras, cara! Você tinha que falar de livrões , de literatura, de autores clássicos, Virgilio, Sêneca etc. Não desses livrinhos comerciais que você escreve aí! Por que você escreve sobre isso?" Te respondo, caro amigo e leitor:

Porque isso aqui é meu e eu escrevo o que eu quiser, haha!

E de fato, não tenho objetivo nenhum de fazer crítica literária sobre esses livros; não sou crítico literário, não sou pago pra isso e é só minha opinião (leia o título dessa página). Se não gostou, dou-lhe um piparote e adeus =)

Bom, deixando as respostas dos reclamantes de lado, vamos ao que interessa. Resolvi escrever sobre mais uma leitura nesse fim de ano. Um texto brasileiro tomado completamente por uma visão americanizada das coisas: a trilogia do Vampiro Rei.

A história se passa num futuro pós-apocaliptico, onde, do nada, as pessoas começaram a adormecer e não acordarem mais. Muitas dessas acordavam alteradas, transformadas em vampiros. Algumas delas se tornavam o que se chama, no livro, de Bento, homem ou mulher que possuia força e habilidade para matar os vampiros. Pelos olhos do personagem principal, tomamos conhecimento do mundo que o cerca, onde aqueles que sobreviveram aos acontecimentos catastróficos se fecham em grandes fortalezas para sobreviver contra o ataque dos vampiros.

A questão é a seguinte: A história é e não é interessante. Para lê-la, terá de se abrir mão da sua brasilidade.

Os elementos que compõem o livro são completamente importados. Armaduras, espadas, fortalezas, guerras, elementos europeus, todos vividos em território nacional, o que chega a ser bizarro em alguns momentos. Quem conhece outras obras desse autor, André Vianco, reconhecerá de cara alguns vicíos, algumas ideias repetidas, como por exemplo os "olhos vermelhos brilhantes que se multiplicam na escuridão da floresta."

A forma como texto foi escrito mostra uma cara "hollywoodiana" do autor. Não que ele planeje que essa história vire um filme (algo que, no Brasil, seria impossível - vide a novela "Os Mutantes"), mas o texto fede filme blockbuster norteamericano.

Tirando os muitos pontos ruins (o que me faria escrever ainda mais), a história é, sim, cativante. A constituição dos personagens e suas personalidades são bem feitas. Você lê e dificilmente se cansa da leitura, por ser um texto plano e direto. Há algumas pontas soltas na história, as quais, quando questionado por mim, o autor disse que estaria em seus planos explicar todas elas. Vamos ver. Isso foi em 2008.



Nota: 6 (É um bom passatempo. Pra ler no ônibus, na fila do banco, num domingo sem nada pra fazer, férias chuvosas etc. Não é ruim não, se comprar, vai ter um bom divertimento).

Sugestão de leitura - Dezembro/2010

terça-feira, 14 de dezembro de 2010 às 8:44 AM

Um dia, ouvi uma bela garota, baixa, cabelos curtos, branca como cal e de olhar fulminante para todas as coisas e pessoas. Seu olhar era, de fato, um fenômeno particular, nada apaixonante, mas hipnotizador mesmo assim. Em meio a uma conversa (um dos mais fascinantes diálogos que pude ter), ela havia me dito, entre muitas outras coisas que "Marquês de Sade havia definido seu caráter". Até aquele momento, não tinha tido contato com os escritos impuros do marquês, mas tinha ideia da profundidade, da libertinagem e, principalmente, da liberdade da escrita. Demorei muito tempo para entrar em contato com essa leitura, a qual devo dizer que, para aqueles que se ligam muito aos livros que leem, será algo a se ler de forma moderada se não estiver acostumado. Não estou levando em consideração fatos morais, mas Os 120 dias de Sodoma traz em si uma liberdade de escrita nunca antes vivida pela maioria das pessoas. Mortes, dor, abusos, estupros, tortura, sequestros, incesto e outros elementos repulsivos aos olhos do homem atual são tratados com certa refrescância neste livro, como se o narrador estivesse nos contando uma história divertida, se refestelando com os acontecimentos (lembra um poquinho - só um poquinho - o narrador Brás Cubas, do filme, não do livro).
De toda forma, isso é uma obra-prima. Chegada a hora de eu receber as reprovações dos meus poucos leitores (caso eles ainda existam, haha). É, sim, uma obra-prima, quando não somos anacrônicos, quando consideramos o homem que o escreveu e o momento histórico em que ele surgiu (este texto quase foi perdido na queda da Bastilha!). Independente do conteúdo pesado, deve-se considerar um elemento maior do que o próprio livro: a liberdade de escrevê-lo, a completa ausência de fronteiras; o homem criativo não tem limites quando se trata de atender seus desejos particulares.


Aquela mulher foi o ser mais livre que eu conheci.





Nota do livro: 10 (obra-prima indiscutível)

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